
O Carnaval é sinônimo de festa e liberdade, mas isso não é desculpa para se descuidar da saúde sexual. Durante a folia, muita gente adota comportamentos que podem aumentar o risco de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), mas infectologistas apontam que é possível curtir os prazeres do período sem dar brecha para as doenças.
As ISTs podem ser causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. Sífilis, herpes genital, gonorreia e hepatites B e C estão entre as mais comuns. Feridas, corrimentos, verrugas e dor ao urinar são alguns dos sintomas, mas muitas infecções são silenciosas.
A camisinha é a base
Para evitá-las, a medida mais importante e acessível é usar camisinha em todas as relações sexuais, especialmente naquelas que envolvam penetração. No momento da folia, porém, com um consumo elevado de álcool e na euforia do momento, não é incomum que o sexo desprotegido acabe ocorrendo. Por isso, é importante estar atento a outras medidas que podem reduzir os riscos à saúde.
“Apesar de extremamente eficaz, o preservativo não nos previne de todas as doenças. Por exemplo, se as lesões da sífilis, que inclusive está em um momento de alta de casos, forem tocadas, elas podem transmitir a doença. O mesmo vale para o HPV: encostou, pegou. As ISTs não são tão fáceis de se evitar”, explica a infectologista Juliana Barreto, de Goiânia.
Ela ressalta, porém, que as ações combinadas de prevenção podem sim garantir uma folia mais segura, incluindo o uso de lubrificantes adequados (que evitam feridas e o rompimento do preservativo). Mas a prevenção deve começar muito antes.
Saiba o seu status
A realização de exames antes e após o período festivo é essencial. Muitas ISTs, como sífilis, HIV e HPV, podem ser assintomáticas ou demorar semanas para manifestar sinais. Neste período, a pessoa pode contaminar os parceiros sem saber.
Por isso, é fundamental que adultos sexualmente ativos façam exames médicos periódicos, ao menos uma vez por ano, para avaliar a presença de doenças ocultas.
“A detecção precoce é fundamental, pois permite um acompanhamento adequado, e, quando necessário, intervenções que podem reduzir o risco de complicações graves”, explica a infectologista Ligia Pierrotti, da Alta Diagnósticos.
Vacinas em dia e tratamentos
A vacinação também é uma aliada. A imunização contra o HPV, por exemplo, previne infecções que podem levar a verrugas genitais e a diversos tipos de câncer. Tumores do colo do útero são profundamente associados à infecção, mas câncer de boca, ânus, pênis e vagina também são ligados à doença.
A vacinação também é capaz de prevenir casos de hepatite B e C. “Quem não está vacinado contra elas ou quem nos exames de sangue periódicos não apresentou anticorpos no nível esperado para defender o organismo dessas doenças virais deve procurar o posto médico e se vacinar antes de ir para a folia”, defende Juliana.
Profilaxia contra o HIV
Ainda não existe vacina contra o HIV disponível, mas para melhorar as estratégias de prevenção é possível recorrer à Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a Pós-Exposição (PEP). Ambas estão disponíveis gratuitamente no SUS.
A PEP funciona como uma pílula do dia seguinte contra o HIV. São utilizados antiretrovirais por pelo menos um mês em casos de relação sexual desprotegida nas 72 horas anteriores.
“O HIV é a única doença que tem PEP confirmada e é muito importante fazer uso dela. Em caso de exposição, não tenha medo ou vergonha: procure o serviço de saúde o mais rápido possível e faça o correto acompanhamento para investigar possíveis infecções”, explica o infectologista Josias Aragão, do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), de São Paulo.
Já a PrEP é indicada para grupos de maior risco, em geral homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e transexuais, e requer planejamento prévio para aumentar as defesas do corpo contra o vírus.
Quando a PrEP faz efeito?
Homens cisgêneros e mulheres trans sem uso de hormônios devem tomar a medicação entre 24h e 2h antes do ato sexual para alcançar os níveis protetores do medicamento.
No entanto, como o remédio reage com o estradiol, hormônio produzido por mulheres cisgênero e trans que fazem tratamento hormonal, para elas é preciso iniciar a terapia muito antes, no mínimo sete dias antes do sexo, para que a proteção faça efeito.
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